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A Base

A certa altura, o silêncio falava tão alto que eu mal podia ouvir sua voz. Não que fosse uma barreira para o meu amor, mas, para você acabaria sendo o muro  instransponível recém pintado da cor mais desagradável aos olhos,  tamanha sua preguiça de enxergar que se trata de sua própria cor. Sequer cogitar sentir estar de  outro lado que não o da incoerencia foi capaz. - Você só pode ser isto? Sabe quero mais de você. E só não é melhor porque não quer! - O que posso fazer se vim com isto, com essa verdade da qual não consigo me dissociar? - Você pode mudar, ser mais, se quiser. - Não é uma questão de desejar - eu faria qualquer coisa que lhe trouxesse um sorriso -, ocorre que não se passa por cima da essência sem ferir-se. é experimentando a dor que se aprende. - Você sabe o que é isto? Para alguns a vida é uma dádiva, a recebem  como um  material de desenvolvimento e aperfeiçoamentos. Para outros, habitantes de seus individuais  gêneses pesadelos, não passa de um fardo. Amiúde alheios

Rede Social

          Estava no topo de uma montanha em meio a uma geada indescritivelmente intensa quando acordei sentindo minha garganta arder, era a inflamação. Tentava assimilar se o enjoo e os socos no estomago eram sensações trazidas do sonho. Queria dormir, sabia que se levantasse não voltaria tão cedo a me relacionar de forma amigável com o sono. Não mais cedo do horário que eu nem queria saber, mas, voltando do banheiro, vi: 02:00 - De que adianta dormir cedo se uma merda dessas acontece e me deixa acordado de madrugada?!           Pensei em milhares de coisas, treino, curso, baixar arquivos... Ingressos esgotados para o concerto do fim de semana, perdi mais uma entrevista... Todos pensam que estou dormindo... Eu deveria virar escritor. "Desde quando um analfabeto cultural pode ser?" Estou exausto! Até que acesso a rede social. Daí o mundo se descobre insone e se consola de todas as maneiras possíveis, eu me agarro aos cordões de outros pensamentos e finalmente a vida faz ma

Padaços pra Todos os Lados

Fui atingindo por um tornado, sangrei meus joelhos enquanto orava por sobrevivência, e encontrei um demônio escondido dentro de meu travesseiro molhado. Está ficando mais difícil a cada dia acreditar em qualquer coisa, muito mais do que simplesmente perder-me meus pensamentos altruístas inescapáveis. As tentativas de libertação esgotaram os estoques de lagrimas. As lagrimas esgotaram o pouco de força que sobrou. Desde que passei a procurar minhas coisas entre tantos destroços vizinhos desconheço o que fui eu mesmo antes disso tudo. Estou tentando recuperar o que era meu. Estou tentando saber como achar, na falta de alguém que possa me responder.  O dia dura pouco. Escurece e não temos energia elétrica. Nada vejo... Em tempos como esses fica difícil sobreviver vivo. Nesses dias frios e úmidos, nem de luzes acesas o dia deixa de ser noite. E Eu? Eu vou desligar, em todo o meu cansaço, a esperança. Eu vou desligar a esperança. A esperança. Há esperança? Eu vou desligar. Adeus. Sem

De Fora do Cerne

   Eu renascia quando você se atrasava e chegava de jaqueta e olhos frios que eu vi brilhar. Você dizia que ninguém ama pra sempre. E disse que eu logo aprenderia a superar. Você julgava saber das coisas, me julgava aprendiz, julgou como se fossem suas minhas coisas... Mas eu sabia, eu sei; nada é bem assim como você dizia. Sabia que seria assim: eu sofreria quando você partisse, mataria minhas coisas, implorando por sua volta. Só não sabia que nada era tão assim como eu acreditava. Contava luas, contava noites, desesperadamente, não contei a ninguém todo o vazio, afinal vazio é espaço pra se contar consigo. Daí apenas contei comigo todos os dias, sem você saber, dado que nada havia a te contar. E não te deixei. Contei histórias, criei passatempos e me vi igual, esbarrando em tudo e caindo por cima como um bêbado. Bêbado de saudade. E não te deixei. Unicamente não quero mais estar associando minha solidão. Procurei dormir todas noites, ocupar todos os dias, pular cada segundo, para

Duelo de Medos

"E aonde quer que eu vá estará me seguindo, o seu olhar.".           Você fica com seus olhos, esses olhos brilhantes, esse olhar doce. Por todo lado, ele, por cima do que eu gostaria que fosse somente imaginação. Por fora, eu, procurando me ver - Sem poder, por que em todas as partes, o mesmo olhar segue cada tentativa espontânea de gesto imperfeito.            Por dentro, preocupantemente, nada se fixa em um lugar e, enquanto fico paradinho esperando  tudo se assentar, os mesmos olhos me veem de fora pra dentro ou vice-versa ou etc. e que inferno, se foder! Enquanto ali debaixo, suplicante, amor e paixão, entreolham-se, desprezam-se e torcem cada um a seu óbvio e respectivo favor. Qual mais favorável a mim nem Deus decidiu ainda. “Faz favor, deixa uma pista quando decidir, pelo amor de...”. Favor nenhum seus olhos fazem, além de me preencher com quase todo o brilho que no inferno e no céu constituem o desejo.          Agora, há tantos dias de olhos abertos

Conjetural Adeus

          Seria novamente como um tapa dado com a metade de uma mão, e eu lembraria que antes era assim: quando meus cordões eram puxados por essa forma incisiva e desequilibrada, toda crente de uma sustentabilidade inexistente, como que a saber o que era, quando nem mesmo nome certo tinha. Ora vejam só... Querendo me agarrar pelas pernas! Eu que já não pendia de lado nenhum para a fraqueza instintivamente altruísta que se rendia aquela merda que me cegou durante tanto tempo. Aquela bosta que eu nem sei o que era; que tipo de macete demoníaco era aquele, capaz de atrofiar neurônios com tamanha severidade. Nem ninguém nunca soube, e bem possível nunca ser sabido.          Como pude prever, eu estava em outro nível, do lado oposto das lamurias, inabalável, impenetrável, sentindo a compaixão de um pai ao ver sua prole perdida num embaraço cíclico de singulares velhos laços de ideias ilusórias, os quais só um jovem pode presumir haver sentido.           Seus desejos pró-possessão colid

Alguma Morte Prevista

"Mundo, desculpa aí. Vou ter de pedir pra descer?" É certo que na fuga incorro o esquecimento. Não escapo de umas contas medíocres, uns adiantamentos. Só que já era de esperar uma derradeira chance de insistir ou, como foi, poupar repetidos solfejos. Gostei da... brincadeira... Não que eu tenha exatamente gostado, é que o lado facultativo é considerável e, eu acabei ponderando as impressões. Não foi de todo dispensável amar essa... ufff, filha-da-puta. Gostei do que vivi e muita coisa foi boa enquanto durava. Só isso! Vamos ao que interessa: eu te amo. Desculpe... isso soa tão mal por aqui, eu sei. Na verdade houve um erro no pretérito: eu te amei. Não por nada, mas foi foda. Te amei e alcancei o limite. Incluindo dos prazeres e pecaminosos. E não poderia ter sido de outra forma: foi intenso e, sendo extremamente barroco, bem degustado. Eu experimentei todas formas de gozo. Explorei todas tuas possíveis variações. De humor à ciências e posições... E estratégicas! Bem como